quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A poesia revolucionária de Maiakóvski

Vladimir Maiakóvski. Lírico, crítico, épico e satírico ao mesmo tempo. Sem dúvida, o maior poeta russo do século XX!



Despertar é preciso


Na primeira noite eles aproximam-se

e colhem uma flor do nosso jardim

e não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem;

pisam as flores, matam o nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua

e, conhecendo o nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,

Já não podemos dizer nada.



E então, o que quereis?


Fiz ranger as folhas de jornal

abrindo-lhes as pálpebras piscantes.

E logo, de cada fronteira distante

subiu um cheiro de pólvora

perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos

nada de novo há

no rugir das tempestades.

Não estamos alegres, é certo,

mas também por que razão

haveríamos de ficar tristes?

O mar da história é agitado.

As ameaças e as guerras

havemos de atravessá-las,

rompê-las ao meio, cortando-as

como uma quilha corta as ondas.

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