domingo, 9 de setembro de 2012

Apenas um registro

Entre minhas preferidas, não posso deixar de guardar aqui, na minha pequena caixinha de sonhos, essa do Neruda.


A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio

ou flecha de cravos que propagam o fogo:

te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.


Te amo como a planta que não floresce e leva

dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,

e graças a teu amor vive escuro em meu corpo

o apertado aroma que ascendeu da terra.


Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,

te amo diretamente sem problemas nem orgulho:

assim te amo porque não sei amar de outra maneira,


Se não assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha

tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.



(Pablo Neruda, do Livro Cem Sonetos de Amor)



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